USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ -- USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ --
Navegando:
Mais de 90% da cevada do RS deve atender a indústria cervejeira

Mais de 90% da cevada do RS deve atender a indústria cervejeira


O clima colaborou com a produção brasileira de cevada. Apesar da queda na área de cultivo, a boa produtividade das lavouras resultou num volume 13% maior em relação ao ano passado. Os grãos também têm atendido os parâmetros de qualidade cervejeira para a indústria de malte.

A frustração climática com a safra de inverno de 2023 impactou a produção de cevada, com reflexos na redução da área de cultivo neste ano. A queda na área foi de 6% em relação ao ano anterior, redução que foi compensada pela alta nas produtividades, resultando num volume de produção 13% maior, chegando a 442 mil toneladas de cevada.

“No ano passado, somente 30% da produção de cevada gaúcha foi para a produção de malte e 70% da safra do Paraná atendeu a indústria cervejeira. Nesta safra, acredito que o aproveitamento seja superior a 90%, com grãos de excelente qualidade para malteação”, avalia o pesquisador da Embrapa Trigo, Aloisio Vilarinho.

A observação do pesquisador vem sendo confirmada pelo setor de Classificação e Certificação da Emater/RS-Ascar, por onde já passaram 52 mil toneladas de cevada (quase a metade da produção do RS), com aprovação de 95% dos grãos classificados para a produção cervejeira.

Crescimento associado à indústria cervejeira

cevada, cerveja
Foto: Luiz Magnante/Embrapa

O principal destino da produção brasileira de cevada é a indústria de malte, insumo base para a fabricação de cerveja. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de cerveja, atrás da China e dos Estados Unidos. Segundo o site Atlasbig, em 2023 foram produzidas 13.280 mil toneladas de cerveja no Brasil, em média 63 litros para cada habitante.

De acordo com a Conab, em 2024, o Brasil registrou área de 125,8 mil hectares (ha), com produção total de 442,4 mil toneladas e produtividade média de 3.517 ka/ha. O cultivo de cevada no Brasil está concentrado na região Sul, com registro de cultivos também em São Paulo a partir de 2022 (área passou de 5mil para 11 mil ha).

Nos últimos anos, a área de cultivo tem aumentado no Paraná, porém, reduzido no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O Rio Grande do Sul que já chegou a cultivar mais de 100 mil ha de cevada no final da década de 1990. Contudo, em 2024 cultivou apenas 37 mil ha. Em Santa Catarina, a Epagri registrou apenas 310 ha de cevada nesta safra, uma queda de 79% em relação ao ano passado, mesmo com produtividade 60% superior, atingindo 4.200 kg/ha.

Crescimento paranaense

Mesmo com 77 mil ha em 2024, o aumento gradativo de área no Paraná não tem sido suficiente para fazer frente à crescente demanda de grãos de cevada com a instalação de novas indústrias de malte e a ampliação das plantas cervejeiras que já atuam no estado. Nesta safra, a produção paranaense ficou em 284 mil toneladas de cevada, enquanto a demanda no estado supera as 600 mil toneladas.

A cultura da cevada começou a se expandir no Brasil a partir da década de 1970, em grande parte devido às iniciativas da indústria cervejeira, que fomentou a produção nacional para garantir oferta.

De 1976 até os dias atuais a área cultivada oscilou ao redor dos 100 mil hectares, tendo em alguns anos sido cultivada área acima de 150 mil hectares.

O rendimento da cultura, entretanto, apresentou aumento constante ao longo desse período, passando de 1.018 kg/ha, em 1976, para 3.882 kg/ha, em 2022 (ano com recorde histórico), o que garantiu aumento constante também na produção nacional, que passou de 95 mil toneladas para 498 mil toneladas, no mesmo período.

“Para atender à necessidade de grãos de cevada por parte das maltarias instaladas no Brasil são necessárias, anualmente, cerca de 1,1 milhão de toneladas de grãos, ou seja, mais que o dobro do volume que tem sido produzido nos últimos anos”, explica Aloisio Vilarinho. Para atender somente a indústria de malte, seriam necessários cerca de 300 mil hectares com cultivo de cevada no Brasil.

A indústria cervejeira precisa de grãos de cevada que apresentem um teor mínimo de 9,5% e um máximo de 12% de proteína bruta, além de 95% de taxa de germinação, atributos que permitem fazer malte com qualidade que atende o mercado. Também são desejáveis grãos de maior tamanho (classe 1) e livres da contaminação por micotoxinas.

“Em anos com frustrações climáticas, como seca na implantação das lavouras ou excesso de chuva na pré-colheita, os grãos podem não atingir qualidade para malteação e são destinados à alimentação animal com, no máximo, 50% do valor da cevada com padrão cervejeiro”, explica o pesquisador da Embrapa.

Novos mercados na alimentação animal

No mundo, 2/3 da cevada produzida tem como destino a alimentação animal. Porém, no Brasil existem opções mais baratas para ração, como o milho que tem potencial de rendimento muito maior e ampla adaptação no território nacional.

Contudo, a gradativa redução no cultivo de milho na região Sul abre oportunidades para a destinação da cevada para a produção animal, especialmente para bovinos, devido ao alto valor proteico dos grãos que pode resultar em melhor rendimento e qualidade do leite.

Para atender esse mercado, a Embrapa Trigo tem direcionado linhas do programa de melhoramento genético de cevada para produção de forragem animal.

Cultivares a disposição do produtor são a BRS Korbel, indicada para produção de forragem (grãos, pré-secado ou silagem de planta inteira), e a BRS Entressafras (BRS CVA 118), desenvolvida com ciclo ultraprecoce para cultivo durante o outono, com encaixe entre a soja e o trigo, pronta para silagem em 75 dias e colheita de grãos em 100 dias.

Para a safra 2025, estarão disponíveis ao produtor 2,3 mil toneladas de sementes de cevada forrageira com tecnologia Embrapa.

*Sob supervisão de Victor Faverin



Source link

Assine nossa Newsletter

Sinta-se no campo com as notícias mais atualizadas sobre o universo do agronegócio.

Sem spam, você pode cancelar a qualquer momento.


Notícias Relacionadas

Custos em queda não sustentam margem do produtor de leite no RS

O preço do leite pago ao produtor voltou a cair no Rio Grande do Sul. Em setembro, o Índice de Inflação dos Preços Recebidos pelos Produtores (IIPR) registrou recuo de 1,6% em relação a agosto, conforme levantamento da Farsul. O resultado reflete a maior oferta de leite no mercado, o que tem pressionado a renda nas propriedades. No acumulado de 12 meses, o IIPR aponta deflação de 11,44%, contrastando com a alta de 6,61% do IPCA Alimentos no mesmo período. Para a federação, o dado mostra que as altas registradas no varejo não se explicam pelos valores pagos ao produtor, mas sim por outros elos

Hugo Motta defende votar Orçamento só depois do ajuste fiscal

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 só deve ocorrer depois de o governo resolver a questão fiscal. Segundo ele, votar o texto antes disso poderia obrigar o Congresso a alterar a meta posteriormente. A declaração foi dada nesta terça-feira (21), em meio às discussões sobre as novas medidas que o Ministério da Fazenda deve encaminhar para compensar a perda de receitas após a queda da Medida Provisória (MP) que previa aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Fazenda busca alternativas à MP do IOF A MP, que perdeu validade no

Incertezas na relação entre EUA e China causam tensão nos mercados

No morning call desta quarta-feira (22), a economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, comenta que as incertezas sobre o encontro entre Trump e Xi Jinping elevaram a volatilidade global. O dólar avançou 0,37% a R$ 5,39 e o Ibovespa caiu 0,29% a 144 mil pontos, pressionado por commodities e bancos. Juros futuros recuaram, refletindo cenário externo e otimismo fiscal doméstico. Hoje, destaque para o estoque de petróleo bruto nos EUA. Ouça o Diário Econômico, o podcast do PicPay que traz tudo que você precisa saber sobre economia para começar o seu dia, com base nas principais notícias que impactam o mercado financeiro. Para mais conteúdos de mercado

Preço do boi gordo se mantém firme e indicador de MS atinge maior valor do dia

O indicador do Boi Gordo Datagro encerrou nesta terça-feira (21) com o preço de R$ 310,72/arroba na praça de São Paulo, mostrando estabilidade e firmeza nas cotações desde o início de outubro. O Mato Grosso do Sul segue como destaque entre as principais praças pecuárias do país, com o indicador fechando em R$ 318/arroba, superando o valor paulista nas últimas semanas. De acordo com a Datagro, há encurtamento nas programações de abate, embora regiões com maior disponibilidade de animais em regime intensivo ainda operem com escalas mais confortáveis. Em São Paulo, as escalas de abate estão atualmente na faixa dos 10 dias corridos. No mercado

qual o grau de sangue do bezerro?

A estratégia de cruzamento do pecuarista que utiliza o gir leiteiro em vacas jersolanda (que combinam jersey e holandês) pode resultar em um tricross de grande valor genético. Segundo o zootecnista e especialista em gado leiteiro, Guilherme Marquez, esse acasalamento gera um “trigrau”, que agrega a rusticidade do zebuíno e mantém a produção leiteira do taurino. A composição do bezerro é facilmente calculada, sendo crucial para o planejamento genético. Confira: Neste caso específico, assume-se que a matriz jersolanda (uma variação de girolando) seja meio-sangue (50% jersey e 50% holandês). Ao utilizar um touro gir leiteiro (uma raça zebuína pura, ou seja, 100% gir) nessas matrizes,

Exportações sustentam firmeza nos preços do boi gordo no país

Nesta terça-feira (21), o mercado físico do boi gordo voltou a registrar negócios acima da referência média, com destaque para Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins. Em São Paulo, os preços permaneceram sustentados, apoiados pela boa disponibilidade de animais terminados em confinamento e pela posição confortável das escalas de abate nos frigoríficos de maior porte, impulsionadas por animais de parceria. De acordo com o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, as exportações continuam como um fator determinante para o bom desempenho do setor, com forte ritmo de embarques ao longo de 2025. Preços do boi gordo (arroba) São Paulo: R$ 313,20 (modalidade

Pecuaristas dos EUA se irritam com Trump após declaração sobre compra de carne da Argentina

Os pecuaristas dos Estados Unidos ficaram irritados com as recentres declarações de Donald Trump sobre a carne argentina. O presidente norte-americano disse para jornalistas no último domingo (19) que estava cogitando comprar carne bovina da Argentina para baixar o preço do alimento no país. Em resposta aos planos do republicanos, a NCBA, entidade que reúne os principais pecuaristas americanos publicou uma nota na terça-feira (20) criticando os planos de Trump “Os agricultores familiares e pecuaristas da NCBA têm inúmeras preocupações com a importação de mais carne bovina argentina para reduzir os preços ao consumidor. Este plano só cria caos em um momento crítico do ano

conheça a ferramenta de proteção e estabilidade para o produtor

Proteger o rebanho e garantir a segurança do investimento no campo ainda é um desafio para muitos pecuaristas. Entre as soluções que vêm ganhando espaço no Brasil está o seguro de animais, uma ferramenta de gestão de risco que vem se tornando cada vez mais presente nas propriedades rurais. Para explicar o funcionamento e as vantagens desse tipo de proteção, o programa A Protagonista entrevistou Karen Matieli, fundadora da Denner Seguro de Animais, considerada a maior corretora especializada do país. Da farmácia ao agronegócio Natural de Sorocaba (SP) e formada em Farmácia, Karen entrou no universo agro de forma inesperada. O ponto de virada ocorreu

Agro tem quase 1,8 mil empresas aptas a entrar na Bolsa de Valores

Um levantamento inédito da Neoway, marca da B3, identificou 1.798 empresas do setor agropecuário com potencial para abrir capital por meio do Regime Fácil, iniciativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que será implementada em janeiro de 2026. Essas companhias, de natureza jurídica privada e com faturamento entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões, poderão ter um acesso mais simples, rápido e econômico ao mercado de capitais, facilitando a captação de recursos para expansão, investimentos e fortalecimento da governança. Novo regime promete simplificar listagem e reduzir custos O Regime Fácil foi criado pela CVM para democratizar o acesso das pequenas e médias empresas à

Nestlé e BB lançam linha de crédito de R$ 100 mil para reduzir emissões na produção de leite

A Nestlé e o Banco do Brasil anunciaram uma parceria que disponibilizará, inicialmente, R$ 100 milhões em linhas de crédito rural para financiar práticas de agricultura regenerativa em fazendas de leite do programa Nature por Ninho. O objetivo é acelerar a descarbonização da cadeia produtiva por meio de assistência técnica e financeira, informaram as empresas em nota. Pelo acordo, a Nestlé atuará como elo entre o Banco do Brasil, responsável pela concessão do crédito, e os produtores de leite. A iniciativa inclui orientação técnica sobre o uso dos recursos em práticas regenerativas e de baixo carbono, como manejo de solo, bem-estar animal, uso de energia