USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ -- USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ --
Navegando:
Chegada do verão alerta para estresse térmico no sistema produtivo

Chegada do verão alerta para estresse térmico no sistema produtivo

Especialistas da MSD Saúde Animal orientam sobre os cuidados específicos com bovinos, suínos e peixes em altas temperaturas

São Paulo, dezembro de 2024 – A estação mais quente do ano está prestes a começar, e os cuidados intensificados com os animais de produção também. Para auxiliar os produtores a manter o bem-estar animal e a produtividade ao longo do verão, médicos-veterinários que atuam na MSD Saúde Animal separaram dicas para o manejo de bovinos, suínos e peixes, com estratégias para driblar alterações de comportamento devido ao calor intenso. Acompanhe abaixo:

Bovinos

Para vacas de leite, o estresse térmico é um fator extremamente negativo e, por isso, são necessárias medidas para minimizar o impacto na saúde e no bem-estar dos animais. É o que ressalta Thatiane Kievitsbosch, gerente de produtos de soluções tecnológicas para Ruminantes na MSD Saúde Animal. “Vacas em estresse térmico comem menos e, por consequência, produzem menos. E a gente sabe que a rentabilidade está diretamente ligada à produção de leite, então, é preciso cuidar para que as altas temperaturas não prejudiquem o animal e seu desempenho”, afirma a especialista.

Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite (MG) Marcos Vinícius G. B. Silva, o Brasil perde todos os anos cerca de 30% da produção devido às altas temperaturas, tornando a cadeia produtiva do leite vulnerável aos eventos provocados pelas mudanças climáticas. Mas, hoje, há como prevenir perdas por estresse térmico, e isso se dá por meio das novas tecnologias.

“O sistema de monitoramento é uma ferramenta fundamental para a produção leiteira. O SenseHub Dairy, por exemplo, que é a plataforma de monitoramento da MSD Saúde Animal, consegue traduzir e entender quais lotes estão em estresse térmico. Utilizando métricas como frequência respiratória, ele mostra o horário e o dia que isso aconteceu e qual lote teve a ocorrência”, explica Thatiane.

Ainda de acordo com a profissional, as vacas que estão em estresse térmico se tornam, em sua maioria, ofegantes. “Elas passam de 60 respirações por minuto e, quando mais de 10% do lote está ofegante, temos um grande sinal de alerta. E o monitoramento aponta justamente isso. Inclusive, os dados capturados permitem compreender momentos em que os animais estão em estresse térmico e que, geralmente, não imaginamos, como na madrugada.”

A partir dessa análise, indica Thatiane, é possível tomar atitudes específicas e ágeis, como resfriar os animais por meio de aspersão de água e ventilação em momentos específicos e estratégicos no manejo. “Além disso, para fazendas que já resfriam os animais, o sistema de monitoramento pode informar se o resfriamento está sendo eficiente ou não.”

Suínos

A temperatura ambiente acima de 22°C traz implicações diretas para leitoas na creche de terminação, como retrata o livro Doença dos Suínos, de David Barcelos e Roberto Guedes. Em ambientes com temperatura em 22,7°C, a frequência respiratória é de 27 por minuto, já quando atinge 31,4°C, chega a 112 por minuto, o que é um sinal preocupante. Quanto ao consumo de alimentos, cai de 2.846g/dia para 900g/dia. “O aumento de temperatura ainda promove alterações hormonais, prejudica o desenvolvimento do animal, entre outras consequências. Os estressores ambientais podem afetar o desempenho produtivo e reprodutivo dos animais pela elevação das taxas de corticosteróides plasmáticos, os quais podem alterar o estado imunológico, diminuir a resistência a infecções, aumentar o catabolismo e interferir na absorção de nutrientes”, detalha José Luiz de Almeida, coordenador técnico da unidade de Suinocultura da MSD Saúde Animal.

O profissional também pontua que a fêmea suína tem um tipo de placenta que impede que o leitão receba anticorpos na vida intrauterina, o que torna o colostro – a primeira secreção de uma glândula mamária, que geralmente é liberada nas primeiras 24 horas após o parto – essencial para sua proteção. “Então, se a fêmea não tem os cuidados necessários no pré-parto e é exposta a altas temperaturas, a produção de colostro é reduzida e, assim, diminui o peso de desmame do leitão. Além disso, o calor impacta diretamente na concentração de imunoglobulinas no colostro, que são os anticorpos. Ou seja, a ambiência da fêmea é fator imprescindível.”

A ambiência ainda está totalmente relacionada aos fatores predisponentes de enfermidades nos primeiros dias de vida do leitão e no nível de mortalidade. “A ambiência e os manejos interferem diretamente na saúde do rebanho. E o conforto térmico é um dos diversos fatores que influenciam positivamente no bem-estar animal”, afirma José Luiz, que ainda complementa que “investir em condições ideais de criação é garantir não apenas o desenvolvimento saudável dos suínos, mas também a sustentabilidade e qualidade do setor”.

A partir de diversos estudos e pesquisas, o médico-veterinário fez uma tabela (abaixo) com as temperaturas ideais para cada fase de produção:

Outro ponto de atenção é que, pelo clima mais seco do verão, há uma quantidade maior de poeira nas instalações, o que pré-dispõe enfermidades pulmonares.

Peixes

Em tilapicultura, o verão é a época do ano de maior impacto para o sistema produtivo, conforme explica Talita Morgenstern, coordenadora técnica nacional de Aquicultura na MSD Saúde Animal. “A tilápia é uma espécie tropical que apresenta conforto térmico ideal para seu desenvolvimento entre 25ºC e 30ºC. A temperatura da água é um dos fatores que mais afetam a fisiologia, o crescimento, a reprodução e o metabolismo da tilápia-do-Nilo. A elevação da temperatura provoca um aumento no metabolismo e, com isso, o peixe passa a ter estresse térmico, ficando mais susceptível a infecção por patógenos.”

Oxímetro, um instrumento essencial na piscicultura (crédito: Suelen Andrade)

Ainda segundo a especialista, o verão é a estação que aumenta o número de mortalidade por Streptococcus, uma das principais doenças no cultivo de tilápias e que atinge indivíduos jovens e adultos. “Por isso, além de sempre manter a vacinação específica contra a doença, é preciso atenção para práticas como utilizar densidades menores, optar por rações de alta performance, diminuir a porcentagem de arraçoamento e sempre respeitar a temperatura da água para decisão do correto manejo”, orienta.

Condições inadequadas de qualidade de água, manuseio excessivo e altas taxas de alimentação aumentam a predisposição das tilápias à infecção por Streptococcus. Talita também pontua que as doenças bacterianas são as que possuem maior impacto sanitário na criação de peixes, sendo as estreptococoses e a lactococose as duas principais nesta época do ano, porém o vírus ISKNV – Necrose Infecciosa de Baço e Rim (Iridovírus) é outro de grande relevância, especialmente por sua característica imunossupressora, que debilita os animais, deixando-os predispostos a infecções secundárias. “Um grande fator de risco para essas doenças é o aumento da temperatura da água. Por isso, em temperaturas próximas a 30°C, é importante ter atenção aos manejos diários, porque é um período crucial para a tilapicultura”, diz Talita.

Assine nossa Newsletter

Sinta-se no campo com as notícias mais atualizadas sobre o universo do agronegócio.

Sem spam, você pode cancelar a qualquer momento.

Notícias Relacionadas

Mercado do boi gordo fecha atento a possíveis decisões de Trump sobre importação de carne bovina

O mercado do boi gordo encerrou esta quinta-feira (23) com leve alta e cenário de estabilidade nas principais praças pecuárias do país. Segundo a analista de mercado da Datagro, Isabela Ingracia, a cotação do boi gordo fechou em R$ 311,40 por arroba na praça São Paulo, com escalas de abate confortáveis, variando entre 10 e 11 dias corridos. “Apesar da estabilidade, a média Brasil vem apresentando um leve encurtamento nas escalas nas últimas semanas”, observou Ingracia, durante participação no Rural Notícias, do Canal Rural. Movimentações de Trump Um dos destaques da semana, segundo a analista, foi a decisão dos Estados Unidos de ampliar a cota

Preços do boi gordo seguem firmes e acima da média em parte do país

O mercado físico do boi gordo voltou a registrar negociações acima da média nesta quinta-feira (23), principalmente na região Norte e em áreas do Centro-Oeste. Em São Paulo, o mercado encontra dificuldade para firmar novos patamares de alta, já que os frigoríficos de grande porte mantêm escalas de abate confortáveis, favorecidos pela oferta de animais de parceria. As exportações seguem em destaque e continuam sustentando os preços, segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias. Preços do boi gordo (arroba) São Paulo: R$ 313,75 (a prazo) Goiás: R$ 304,29 Minas Gerais: R$ 304,41 Mato Grosso do Sul: R$ 327,61 Mato Grosso: R$

Como evitar perdas e manter o desempenho do gado confinado durante período das chuvas?

A chegada das chuvas, embora essencial para a recuperação do pasto, representa um grande desafio no manejo do confinamento, podendo gerar perdas significativas no cocho. Segundo o zootecnista e consultor Mauricio Scoton, a condição adversa do ambiente provoca uma drástica redução no consumo da dieta pelos animais, impactando o Ganho Médio Diário (GMD) e elevando o custo da arroba produzida. O principal problema é que a água molha a ração, alterando sua qualidade e tornando o gado mais seletivo. Além disso, a umidade e o barro dificultam o descanso e a ruminação dos animais, diminuindo ainda mais a ingestão. Por isso, o manejo de cocho

Sebrae lança projeto sustentável para pecuária no Vale do Paraíba; saiba mais

O Sebrae de São Paulo lançou um projeto ambiental pioneiro no Vale do Paraíba com o objetivo de impulsionar a sustentabilidade na pecuária de corte, o que tem impacto direto na redução da emissão de gases de efeito estufa. A iniciativa, desenvolvida em parceria com a Associação dos Produtores de Gado de Corte (Aprocorte) e sindicatos rurais, introduz uma calculadora de carbono que permite ao produtor identificar e medir o potencial de produção de carbono, além de melhorar os processos na fazenda. A proposta visa tirar o produtor da média nacional de 0,7 unidades animais por hectare (UA/ha) e levá-lo a patamares de 2,3 a

Como acertar no proteinado e evitar desperdício no cocho durante período das águas

Com o aumento da frequência das chuvas no Brasil Central, a escolha do proteinado adequado para o período das águas se torna uma decisão estratégica. O engenheiro agrônomo Marcius Gracco, da Intensifique Consultoria, informa que o suplemento deve atuar como apoio ao desempenho do animal, e não como uma “muleta” para corrigir pasto mal manejado ou substituir a falta de forragem. Confira: Gracco ressalta que o efeito substitutivo do suplemento no consumo do pasto só começa a ocorrer a partir de 0,3% do peso vivo do animal. A formulação do proteinado das águas deve focar em garantir o aporte de nutrientes que complementem o capim,

Consumo nos lares brasileiros aumenta em setembro na comparação anual

O consumo nos lares brasileiros cresceu 2,79% em setembro em relação ao igual período do ano passado, segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Na comparação com o mês de agosto, o recuo foi de 0,94%. Para o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, o resultado mensal teve impacto sazonal, já que em agosto houve aumento no consumo no Dia dos Pais. Além disso, o mês de setembro teve um fim de semana a menos do que o anterior. A Abras mantém a sua projeção de crescimento de 2,7% no consumo dos lares brasileiros em 2025 ante 2024. Para os últimos três meses do ano,

BNDES libera R$ 5,3 bi para apoiar empresas afetadas por tarifas dos EUA

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 5,3 bilhões em financiamentos pelo Plano Brasil Soberano. O objetivo é apoiar empresas atingidas pelo aumento das tarifas de importação imposto recentemente pelo governo dos Estados Unidos. Segundo o banco, foram autorizadas 371 operações de crédito, distribuídas em três linhas principais: Capital de Giro, Giro Diversificação e Bens de Capital. Indústria concentra maior parte dos recursos A maior parcela dos financiamentos, cerca de R$ 4,38 bilhões, foi destinada à indústria de transformação — um dos setores mais afetados pelas restrições comerciais norte-americanas. O comércio e os serviços receberam R$ 468 milhões, enquanto a agropecuária

Brasil e Indonésia assinam acordos de cooperação bilateral

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, comandaram nesta quinta-feira (23), no Palácio Merdeka, em Jacarta, uma cerimônia de assinatura de acordos e memorandos de cooperação bilateral. O evento contou com a participação de ministros e representantes do setor privado do Brasil e da Indonésia. Foram firmados acordos nas áreas de energia, mineração, agricultura, ciência, tecnologia, estatística e comércio. O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, assinou um memorando com vistas à ampliação do fluxo comercial e dos investimentos recíprocos com o representante da Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia

Preços do boi e da carne seguem firmes

Os preços dos animais para abate seguem firmes em todas as regiões, com as escalas um pouco mais curtas que na semana passada. Isso é o que indicam os levantamentos do Centro de Estudos Avançados Economia Aplicada (Cepea). Frigoríficos aumentam os valores quando precisam intensificar as compras e tendem a manter a mesma cotação nos dias seguintes, administrando novas altas de acordo com suas necessidades de escala. No estado de São Paulo, levantamentos mostram que os negócios têm saído principalmente entre R$ 310 e R$ 315, mas pecuaristas insistem em valores acima de R$ 320.  No atacado da Grande São Paulo, ainda conforme o centro

Para Galípolo, Brasil precisa elevar produtividade para crescer

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (23), que o Brasil passa por um ciclo de crescimento contínuo, mas que esse movimento se deve muito mais à inserção de novos fatores de produção na economia do que efetivamente a um ganho de produtividade disseminado no sistema econômico brasileiro. Na sequência, defendeu que o aumento dos ganhos de produtividade é o caminho para que o país possa crescer de maneira mais sustentável, por um prazo mais longo. “É possível, sim, a gente observar ganhos de produtividade em uma série de setores, como foi dito aqui antes, especialmente no setor agro e no setor