Proteger o rebanho e garantir a segurança do investimento no campo ainda é um desafio para muitos pecuaristas. Entre as soluções que vêm ganhando espaço no Brasil está o seguro de animais, uma ferramenta de gestão de risco que vem se tornando cada vez mais presente nas propriedades rurais.
Para explicar o funcionamento e as vantagens desse tipo de proteção, o programa A Protagonista entrevistou Karen Matieli, fundadora da Denner Seguro de Animais, considerada a maior corretora especializada do país.
Da farmácia ao agronegócio
Natural de Sorocaba (SP) e formada em Farmácia, Karen entrou no universo agro de forma inesperada. O ponto de virada ocorreu quando o filho começou a praticar hipismo em Araras (SP).
“Um dia, o dono da hípica me pediu para fazer o seguro dos cavalos. Eu nem sabia que isso existia. Foi essa simples pergunta que mudou toda a minha história”, conta.
Na época, sua corretora atuava apenas com seguros de vida e empresariais. A curiosidade e a visão empreendedora levaram Karen a explorar um segmento praticamente desconhecido no país, transformando-se em referência nacional. Hoje, a empresa desenvolve produtos sob medida e mantém parcerias com seguradoras multinacionais.
“O seguro de animais ainda é novo no Brasil. Em outros países ele já é consolidado, mas aqui ainda estamos no começo”, observa.
Como funciona o seguro pecuário
O seguro de animais pode ser contratado para bovinos, suínos, aves e equinos, adaptando-se ao tipo de produção e ao valor de cada rebanho.
“No caso da bovinocultura, é possível cobrir rebanhos de corte, de leite e de genética, que exigem atenção especial devido ao alto valor de investimento”, explica Karen.
As coberturas incluem morte acidental ou por doença, picada de cobra, raio, insolação, aborto, parto e até eutanásia por motivos humanitários. Em alguns casos, o seguro também protege estruturas da fazenda, como barracões, confinamentos e equipamentos.
“Quando apresentamos uma proposta ao produtor, não falamos apenas de proteger o gado, mas de oferecer uma gestão de risco para toda a propriedade”, enfatiza a empresária.
Custos e fatores de cálculo
O valor do seguro depende da espécie, da finalidade do animal e das condições da propriedade. “É um processo individualizado. Avaliamos mortalidade, raça, sistema de criação e produtividade. Quanto menor o risco, melhores são as condições da seguradora”, detalha Karen.
Ela exemplifica com o caso de um touro de R$ 100 mil adquirido em leilão: o custo médio do seguro gira em torno de 4,5% do valor do animal por ano, garantindo cobertura contra morte, acidentes, doenças ou perda da função reprodutiva — modalidade bastante procurada em rebanhos de genética.
Falta de informação ainda é obstáculo
Mesmo com os benefícios, a falta de informação ainda é o principal entrave para a expansão desse mercado.
“O produtor rural tem uma rotina intensa e muitas vezes não tem tempo de buscar novidades. Ele ainda vê o seguro como algo distante, mas é uma ferramenta essencial de estabilidade diante dos imprevistos do campo”, destaca Karen.
Para ela, iniciativas de comunicação têm papel crucial nesse avanço. “Quando mostramos exemplos reais e explicamos o funcionamento de forma simples, o produtor entende o quanto o seguro pode proteger seu negócio e garantir a continuidade da produção”, conclui.