Mesmo com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, as exportações de carne bovina brasileira seguem em ritmo histórico e devem impedir a queda dos preços no mercado interno. A avaliação é de João Figueiredo, analista de pecuária da Tagro, que prevê um fim de ano com números inéditos para o setor.
“Estamos performando um ano realmente impressionante nas exportações. Julho foi recorde histórico, com 276 mil toneladas embarcadas em um único mês. Em agosto, mesmo após o tarifaço, o Brasil exportou 268 mil toneladas, também recorde para o mês. No acumulado, já registramos crescimento acima de 15% em relação ao ano passado, com faturamento mensal acima de US$ 1,5 bilhão em vários momentos. Se setembro mantiver a média de 15 mil toneladas por dia, podemos superar 300 mil toneladas em um único mês”, destaca Figueiredo.
Novos mercados impulsionam embarques
Com o mercado norte-americano impactado pelas tarifas, o Brasil tem ampliado presença em outros destinos, explica Figueiredo . “Estamos vendo o México, Canadá e Emirados Árabes comprarem volumes expressivos, além da recente habilitação de novas plantas para exportação à Indonésia. O país já envia carne para mais de 120 mercados, o que garante solidez às vendas externas e mantém o abastecimento interno equilibrado”.
Oferta de gado cresce em 2025
Segundo dados do IBGE, o abate superou 20 milhões de cabeças no primeiro semestre de 2025. A projeção da Tagro é que o Brasil encerre o ano com mais de 40 milhões de animais abatidos, um recorde histórico.
“O avanço dos confinamentos e os investimentos dos frigoríficos em ampliar capacidade de abate mostram a força da pecuária neste ano. É um cenário muito construtivo para o setor”, diz Figueiredo.
Preços devem seguir firmes no último trimestre
Para o quarto trimestre de 2025, o analista projeta preços estáveis e sustentados, tanto pela exportação quanto pelo consumo doméstico.
“Temos demanda aquecida nos dois mercados, o que afasta qualquer chance de queda acentuada nos preços. O confinador está vendendo bem neste ano, embora já preocupado com os custos de reposição para 2026. Mas, olhando para agora, não vemos espaço para queda nos preços da carne bovina no Brasil”, afirma Figueiredo.
















