USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ -- USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ --
Navegando:
Nova forrageira da Embrapa combate nematoides e salva a produtividade do pasto

Nova forrageira da Embrapa combate nematoides e salva a produtividade do pasto


Pecuaristas, o agronegócio brasileiro enfrenta prejuízos anuais que podem ultrapassar a marca de R$ 35 bilhões devido aos nematoides, parasitas que afetam diversas culturas e, especialmente, as pastagens. No entanto, uma nova forrageira é capaz de minimar essas perdas. Assista ao vídeo abaixo.

A Embrapa Pecuária Sudeste desenvolveu uma solução promissora para esse problema: a cultivar BRS Guatã, uma nova variedade de feijão-guandu (Cajanus cajan) que se destaca por suas múltiplas funcionalidades.

Nesta quarta-feira (23), Frederico Pina da Matta, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, detalhou os benefícios do BRS Guatã durante a Dinapec 2025, em Campo Grande (MS).

Ele explicou como essa leguminosa rica em proteína não só auxilia na alimentação do gado, mas também combate eficientemente os nematoides e contribui para a recuperação de áreas de pasto degradadas.

BRS Guatã: o poder antinematóide

Enraizamento do Feijão-guandu - BRS Guatã - Foto: Juliana Sussai/Embrapa Pecuária Sudeste
Enraizamento do Feijão-guandu – BRS Guatã – Foto: Juliana Sussai/Embrapa Pecuária Sudeste

A BRS Guatã é uma cultivar especial com duplo propósito. Além de suas já conhecidas funções como forrageira e auxiliar na recuperação de pastagens, ela se destaca por sua notável capacidade de reduzir a população de quatro nematoides específicos: Pratylenchus brachyurus, Pratylenchus zeae, Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita.

Quando presentes, esses nematoides se alojam no sistema radicular das plantas, causando deformações que impedem a absorção adequada de nutrientes e água, o que leva a perdas significativas de produtividade e, em casos extremos, à perda total da lavoura.

A BRS Guatã atua como uma ferramenta estratégica no manejo integrado de doenças. Quando plantada solteira no solo, ela não serve como hospedeiro nem alimento para esses nematoides.

Por inanição, os parasitas acabam morrendo ou têm sua reprodução drasticamente reduzida. Isso faz com que a população desses nematoides diminua significativamente, preparando o solo para futuras culturas que possam ser menos suscetíveis e, assim, reduzindo consideravelmente os prejuízos econômicos para o produtor rural.

Recuperação de pastagens e alimentação na seca

Feijão-guandu - BRS Guatã - Foto: Juliana Sussai/Embrapa Pecuária SudesteFeijão-guandu - BRS Guatã - Foto: Juliana Sussai/Embrapa Pecuária Sudeste
Feijão-guandu – BRS Guatã – Foto: Juliana Sussai/Embrapa Pecuária Sudeste

Além do controle de nematoides, a forrageira BRS Guatã oferece importantes benefícios para a pecuária, tornando-se uma aliada valiosa para a sustentabilidade e produtividade da propriedade:

  • Recuperação de pastagens degradadas: A leguminosa auxilia de forma eficaz na revitalização de áreas de pasto que estão comprometidas, melhorando a estrutura e fertilidade do solo.
  • Alimento proteico na seca: Por ser rica em proteína (com teores entre 13% e 18% na fase reprodutiva e 18% a 20% no período vegetativo) e, especialmente, por sua tolerância à seca, o guandu se torna uma alternativa estratégica para a alimentação do gado no período de estiagem, quando a qualidade e a disponibilidade do capim diminuem drasticamente.
  • Biodescompactação e aporte de biomassa: Suas raízes profundas contribuem para a descompactação do solo, melhorando a aeração e a infiltração de água. Além disso, a produção de matéria seca (que pode chegar a 15 toneladas por hectare) e o aporte de nitrogênio (até 380 kg/ha) enriquecem o sistema, beneficiando as pastagens e culturas subsequentes.

Estudos realizados pela Embrapa demonstram que a consorciação de capins tropicais com guandu aumenta o ganho de peso dos animais, reduz o tempo até o abate e eleva o ganho de peso por hectare.

Um exemplo é o caso de novilhas nelore em pastejo de braquiária consorciada com guandu, que apresentaram melhor desempenho e permitiram maior lotação animal, sem a necessidade de suplementação proteica mineral, que é uma prática comum e onerosa durante o período seco.

Manejo e versatilidade

Feijão-guandu - BRS Guatã - Foto: Juliana Sussai/Embrapa Pecuária SudesteFeijão-guandu - BRS Guatã - Foto: Juliana Sussai/Embrapa Pecuária Sudeste
Feijão-guandu – BRS Guatã – Foto: Juliana Sussai/Embrapa Pecuária Sudeste

A implantação da BRS Guatã representa um pacote tecnológico completo, adaptável a diferentes objetivos do pecuarista.

Ao utilizá-la como forrageira, ela pode ser plantada consorciada com a gramínea existente na pastagem. Contudo, se o objetivo principal for o controle de nematoides, é recomendado o plantio solteiro para maximizar sua ação.

Uma característica interessante do guandu é que ele não é muito preferido pelos animais em seu período juvenil (época das águas), mas sua palatabilidade aumenta significativamente na fase reprodutiva (meio da seca), quando o capim já está seco e com menor valor nutricional.

Isso garante que os animais consumam o guandu exatamente quando mais precisam de uma fonte de proteína de qualidade.

A BRS Guatã oferece grande versatilidade no manejo: pode ser utilizada para pastejo direto ou cortada e fornecida no cocho, substituindo parte do proteinado.

Essa leguminosa, além de seus benefícios diretos na pecuária (como alimento e controle de pragas), contribui para a construção de sistemas produtivos mais sustentáveis, alinhados com as metas de baixo carbono e de preservação ambiental.



Source link

Assine nossa Newsletter

Sinta-se no campo com as notícias mais atualizadas sobre o universo do agronegócio.

Sem spam, você pode cancelar a qualquer momento.


Notícias Relacionadas

Hugo Motta defende votar Orçamento só depois do ajuste fiscal

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 só deve ocorrer depois de o governo resolver a questão fiscal. Segundo ele, votar o texto antes disso poderia obrigar o Congresso a alterar a meta posteriormente. A declaração foi dada nesta terça-feira (21), em meio às discussões sobre as novas medidas que o Ministério da Fazenda deve encaminhar para compensar a perda de receitas após a queda da Medida Provisória (MP) que previa aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Fazenda busca alternativas à MP do IOF A MP, que perdeu validade no

Incertezas na relação entre EUA e China causam tensão nos mercados

No morning call desta quarta-feira (22), a economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, comenta que as incertezas sobre o encontro entre Trump e Xi Jinping elevaram a volatilidade global. O dólar avançou 0,37% a R$ 5,39 e o Ibovespa caiu 0,29% a 144 mil pontos, pressionado por commodities e bancos. Juros futuros recuaram, refletindo cenário externo e otimismo fiscal doméstico. Hoje, destaque para o estoque de petróleo bruto nos EUA. Ouça o Diário Econômico, o podcast do PicPay que traz tudo que você precisa saber sobre economia para começar o seu dia, com base nas principais notícias que impactam o mercado financeiro. Para mais conteúdos de mercado

Preço do boi gordo se mantém firme e indicador de MS atinge maior valor do dia

O indicador do Boi Gordo Datagro encerrou nesta terça-feira (21) com o preço de R$ 310,72/arroba na praça de São Paulo, mostrando estabilidade e firmeza nas cotações desde o início de outubro. O Mato Grosso do Sul segue como destaque entre as principais praças pecuárias do país, com o indicador fechando em R$ 318/arroba, superando o valor paulista nas últimas semanas. De acordo com a Datagro, há encurtamento nas programações de abate, embora regiões com maior disponibilidade de animais em regime intensivo ainda operem com escalas mais confortáveis. Em São Paulo, as escalas de abate estão atualmente na faixa dos 10 dias corridos. No mercado

qual o grau de sangue do bezerro?

A estratégia de cruzamento do pecuarista que utiliza o gir leiteiro em vacas jersolanda (que combinam jersey e holandês) pode resultar em um tricross de grande valor genético. Segundo o zootecnista e especialista em gado leiteiro, Guilherme Marquez, esse acasalamento gera um “trigrau”, que agrega a rusticidade do zebuíno e mantém a produção leiteira do taurino. A composição do bezerro é facilmente calculada, sendo crucial para o planejamento genético. Confira: Neste caso específico, assume-se que a matriz jersolanda (uma variação de girolando) seja meio-sangue (50% jersey e 50% holandês). Ao utilizar um touro gir leiteiro (uma raça zebuína pura, ou seja, 100% gir) nessas matrizes,

Exportações sustentam firmeza nos preços do boi gordo no país

Nesta terça-feira (21), o mercado físico do boi gordo voltou a registrar negócios acima da referência média, com destaque para Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins. Em São Paulo, os preços permaneceram sustentados, apoiados pela boa disponibilidade de animais terminados em confinamento e pela posição confortável das escalas de abate nos frigoríficos de maior porte, impulsionadas por animais de parceria. De acordo com o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, as exportações continuam como um fator determinante para o bom desempenho do setor, com forte ritmo de embarques ao longo de 2025. Preços do boi gordo (arroba) São Paulo: R$ 313,20 (modalidade

Pecuaristas dos EUA se irritam com Trump após declaração sobre compra de carne da Argentina

Os pecuaristas dos Estados Unidos ficaram irritados com as recentres declarações de Donald Trump sobre a carne argentina. O presidente norte-americano disse para jornalistas no último domingo (19) que estava cogitando comprar carne bovina da Argentina para baixar o preço do alimento no país. Em resposta aos planos do republicanos, a NCBA, entidade que reúne os principais pecuaristas americanos publicou uma nota na terça-feira (20) criticando os planos de Trump “Os agricultores familiares e pecuaristas da NCBA têm inúmeras preocupações com a importação de mais carne bovina argentina para reduzir os preços ao consumidor. Este plano só cria caos em um momento crítico do ano

conheça a ferramenta de proteção e estabilidade para o produtor

Proteger o rebanho e garantir a segurança do investimento no campo ainda é um desafio para muitos pecuaristas. Entre as soluções que vêm ganhando espaço no Brasil está o seguro de animais, uma ferramenta de gestão de risco que vem se tornando cada vez mais presente nas propriedades rurais. Para explicar o funcionamento e as vantagens desse tipo de proteção, o programa A Protagonista entrevistou Karen Matieli, fundadora da Denner Seguro de Animais, considerada a maior corretora especializada do país. Da farmácia ao agronegócio Natural de Sorocaba (SP) e formada em Farmácia, Karen entrou no universo agro de forma inesperada. O ponto de virada ocorreu

Agro tem quase 1,8 mil empresas aptas a entrar na Bolsa de Valores

Um levantamento inédito da Neoway, marca da B3, identificou 1.798 empresas do setor agropecuário com potencial para abrir capital por meio do Regime Fácil, iniciativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que será implementada em janeiro de 2026. Essas companhias, de natureza jurídica privada e com faturamento entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões, poderão ter um acesso mais simples, rápido e econômico ao mercado de capitais, facilitando a captação de recursos para expansão, investimentos e fortalecimento da governança. Novo regime promete simplificar listagem e reduzir custos O Regime Fácil foi criado pela CVM para democratizar o acesso das pequenas e médias empresas à

Nestlé e BB lançam linha de crédito de R$ 100 mil para reduzir emissões na produção de leite

A Nestlé e o Banco do Brasil anunciaram uma parceria que disponibilizará, inicialmente, R$ 100 milhões em linhas de crédito rural para financiar práticas de agricultura regenerativa em fazendas de leite do programa Nature por Ninho. O objetivo é acelerar a descarbonização da cadeia produtiva por meio de assistência técnica e financeira, informaram as empresas em nota. Pelo acordo, a Nestlé atuará como elo entre o Banco do Brasil, responsável pela concessão do crédito, e os produtores de leite. A iniciativa inclui orientação técnica sobre o uso dos recursos em práticas regenerativas e de baixo carbono, como manejo de solo, bem-estar animal, uso de energia

rastreabilidade obrigatória evita multas milionárias na pecuária; entenda

A expressão informal “CPF do boi” representa a nova e urgente realidade da pecuária brasileira: a rastreabilidade obrigatória e georreferenciada da origem do rebanho. Com o aumento da fiscalização ambiental e das exigências do mercado internacional, tornou-se um risco catastrófico comprar, transportar ou comercializar gado sem a comprovação de sua origem legal e ambiental, podendo resultar em multas milionárias. Ao programa Giro do Boi, o advogado e professor de direito ambiental Pedro Puttini explicou que essa nova forma de rastreamento, apoiada pelo Ministério Público Federal, exige a construção do histórico completo do animal. Isso é feito através do cruzamento de dados críticos, como a Guia