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quando o ‘olho do dono’ não basta para engordar o gado

quando o ‘olho do dono’ não basta para engordar o gado


Feita de pessoas, a pecuária brasileira abriga diferentes perfis de produtores. Há quem invista no que há de mais moderno, outros que ainda olham com desconfiança para as novas tecnologias, e aqueles que não abrem mão do olho no olho.

Mas, em um setor cada vez mais competitivo e pressionado por custos, o “olho do dono” já não é suficiente. A observação continua essencial, mas agora ganha reforço da tecnologia.

Para Vanessa Porto, diretora de Pecuária de Precisão da dsm-firmenich, a inteligência de dados tem o papel de ampliar essa visão. “A tecnologia não vem para substituir o produtor, e sim para dar a ele mais ferramentas de decisão. É como se o olho do dono ganhasse um par de lentes de aumento”, afirma.

Segundo ela, o grande desafio é compreender que o campo digital não é feito apenas de máquinas e algoritmos. “Antes de falar em sensores e softwares, precisamos falar de base: gestão, pessoas e processos. A tecnologia só entrega resultado se o sistema produtivo estiver organizado”, explica.

Tríade tecnológica: da base ao topo da pirâmide

A especialista divide a pecuária de precisão em três pilares: base, meio e topo da pirâmide. Na base, estão os dados operacionais, como manejo, nutrição, reprodução. No meio, entra a integração dessas informações com indicadores de desempenho. No topo, a inteligência artificial e as plataformas de análise, que transformam os dados em decisões.

“Quando a gente fala em IA, o produtor imagina algo distante, caro, quase inacessível. Mas, na prática, a tecnologia começa no caderno de anotações, no registro correto das informações do rebanho. Sem isso, não há algoritmo que resolva”, pontua.

A executiva destaca que a estratégia se adapta conforme o tipo de produção. “No caso dos produtores de leite, eles preferem um contato telefônico. Então, usamos métodos diferentes de acordo com o setor”, explica. Ela ressalta ainda o papel do implementador, que treina a equipe no campo para o gado de corte, enquanto no leite o suporte pode ser remoto ou auditivo, de acordo com a necessidade do produtor.

Além disso, a tecnologia vai além da operação diária. “Havia o módulo de corte, agora o módulo de leite. Ambos são fundamentais para facilitar decisões e garantir performance. Trabalhamos também com parceiros, que trazem insights de produtores europeus e ajudam a criar algoritmos para suportar decisões estratégicas de forma global”, completa.

Pecuária nacional: do Brasil para o mundo

A executiva lembra que o Brasil é referência mundial em produtividade e genética, mas precisa avançar na adoção de ferramentas de monitoramento e gestão. “Hoje, temos tecnologia suficiente para saber exatamente quanto cada animal consome, quanto ganha de peso e qual é o retorno econômico disso. Essa precisão é o que vai definir quem se mantém competitivo no mercado global”, afirma.

Ela destaca que a pecuária de precisão também tem papel estratégico na sustentabilidade. “Com dados em tempo real, o produtor consegue ajustar dietas, reduzir desperdícios e medir emissões. Isso significa produzir mais com menos impacto, o que é bom para o bolso e para o planeta”, completa.

Para a especialista, o futuro do setor será cada vez mais conectado, mas sem perder o toque humano que caracteriza o campo. “O produtor continua no centro de tudo. A tecnologia é uma aliada, não uma substituta. É o olhar técnico, apoiado por dados, que vai engordar o gado daqui pra frente”, conclui.



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