USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ -- USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ --
Navegando:
Novos zoneamentos climáticos tendem a ampliar produção de batata

Novos zoneamentos climáticos tendem a ampliar produção de batata


Dois novos estudos de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) vão impulsionar o cultivo de batata no Brasil.

As portarias, elaboradas com base em estudos realizados pela Embrapa, foram publicadas nesta terça-feira (27) pelo Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa).

O objetivo é oferecer ao setor produtivo orientações sobre áreas com maior probabilidade de sucesso para o desenvolvimento das lavouras, levando em consideração especificidades do cultivo com foco no mercado fresco (mesa) e na produção de matéria-prima para a indústria.

A principal diferença entre as duas finalidades diz respeito ao ciclo da cultura, o que reflete em diferentes potenciais produtivos e padrões de qualidade. A batata de mesa, neste caso, tem o ciclo da cultura interrompido em torno de 90 dias para que a aparência atenda às exigências do mercado. Já para a indústria, o ciclo vai de 120 até 130 dias, priorizando o tamanho e a qualidade do produto.

“A batata para o mercado fresco é interrompida em torno de 90 dias porque a intenção é
que apresente aparência, com pele lisa, para agradar o mercado. E para a indústria é
necessário deixar crescer bastante e completar o ciclo de maturidade, que é quando atinge
o máximo de matéria seca e o mínimo de açúcar. Essas são as qualidades intrínsecas para
dar um produto de boa qualidade, como crocância e cor clara. Nesse caso, não importa que
a pele fique mais áspera”, contextualiza o pesquisador Arione Pereira, responsável pelo Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa.

Zarc não considera cultivares específicas

O Zarc da batata não considera cultivares específicas, mas leva em conta a realidade do
sistema de produção. Este tende a ser similar em grande parte das regiões produtoras no
Brasil.

O manejo, que interrompe a maturação natural das plantas antes do período para
atendimento a necessidades específicas, faz com que as diferenças na produção entre as
cultivares não sejam importantes ao estudo.

“O zoneamento não considerou diferenças entre as cultivares em função do ciclo da cultura
ser definido pelo manejo no sistema de produção”, afirma o pesquisador da Embrapa Clima
Temperado (RS) e um dos responsáveis pela elaboração do Zarc, Carlos Reisser Júnior.

Esse é um dos motivos que justifica a necessidade da elaboração de estudos separados
considerando as diferentes aptidões das batatas.

Riscos enfrentados pela batata

No caso da batata, aspectos climáticos, como as temperaturas extremas e volume de precipitação inadequado são os principais fatores de risco para a produção. Especificamente com relação às chuvas, os períodos de seca impactam diretamente nas lavouras, mas o uso de irrigação pode ajudar a contornar estes problemas.

Já o excesso de chuvas, por sua vez, além do encharcamento, causa danos considerados indiretos, favorecendo o surgimento de doenças nas plantas e nos tubérculos.

Outros fatores climáticos importantes dizem respeito a reduções nos níveis de radiação e à
incidência de granizo e geada. Além disso, outros critérios considerados como auxiliares no estudo são os aspectos como qualidade do solo, altitude e estimativa de produtividade das áreas, indicando, assim, as regiões com maior ou menor potencial produtivo.

Dessa forma, para a elaboração do zoneamento, essas condições são levadas em consideração ao longo de todo o ano. Com definição dos níveis prejudiciais quanto a cada uma delas, de maneira a se estabelecer as classificações de risco de perda.

As novas portarias substituem os antigos Zoneamentos Agroclimáticos da batata, que eram
realizados por estados produtores.

Assim, a partir da publicação delas, o trabalho apresenta os resultados por municípios, considerando todas as regiões do país, a partir de busca na plataforma Painel de Indicação de Riscos do Mapa, ou via aplicativo Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital (SP).

A nova metodologia, unificada para todo o país, também ajuda a identificar novas áreas com potencial produtivo. Esse foi o caso de regiões em condições de altitude elevada na Bahia. Por serem climaticamente propícias, essas áreas apresentam risco climático dentro dos níveis aceitos nos Programas de Seguro Rural (PSR) e de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), mesmo que não abriguem tradicionalmente a cultura, diferentemente dos estudos anteriores.

No entanto, Reisser destaca a necessidade de realizar testes e considerar outros fatores, como disponibilidade de água e de mão-de-obra qualificada na região. Também ressalta o mercado e a logística de distribuição, por exemplo, antes da implantação de novas áreas.

Para a consulta, produtores rurais e demais atores selecionam o município de interesse e o sistema sinaliza quais as datas indicadas para o plantio. Sinaliza também caso a área seja propícia ao cultivo, indicando também variações de riscos de perda de 20%, 30% e 40%.

Levando em consideração variáveis como altitude da área e tipo de solo, bem como a finalidade do plantio, o cálculo indica risco menor em regiões de baixa precipitação para áreas com sistema de irrigação já instalado.

Para o pesquisador, essas informações são fundamentais, porque mostram as melhores épocas para se produzir com menores riscos. “É uma orientação para o sucesso do produtor”, afirma. Além disso, o Zarc organiza o sistema de produção nacional para que os interessados tenham um balizador para evitar riscos excessivos.

“O estudo é realizado pela Embrapa, com a colaboração de especialistas de outras organizações, e é também utilizado pelo PSR, Proagro e sistema de seguro particular, o que mostra a importância dessa ferramenta”, justifica.

Parcerias para a realização do estudo

(Foto: reprodução)

O trabalho para a elaboração do Zarc da batata foi coordenado pela equipe da Embrapa Clima Temperado. Unidade que também realiza o Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa, responsável pelo desenvolvimento de novas cultivares.

O portfólio da empresa abriga cinco cultivares lançadas desde 2012 – três em processo de adoção -, e está avançando. Assim, ela representa hoje cerca de 7% das cultivares disponíveis no mercado nacional, com materiais que conciliam produtividade com diferentes aptidões culinárias.

Dessa forma, ainda contribuíram na validação do estudo pesquisadores da Embrapa Hortaliças (DF), que também faz parte do Programa de Melhoramento. Também a Embrapa Agricultura Digital, responsável pelo banco de dados, onde estão armazenados os dados ligados ao zoneamento.

Outra parceria importante foi da Associação Brasileira da Batata (ABBA). A entidade deu apoio às equipes de pesquisa na articulação com produtores e indústrias. Assim possibilitando a construção da metodologia e validação dos dados junto aos elos do setor produtivo.

*Sob supervisão de Victor Faverin



Source link

Assine nossa Newsletter

Sinta-se no campo com as notícias mais atualizadas sobre o universo do agronegócio.

Sem spam, você pode cancelar a qualquer momento.


Notícias Relacionadas

Trump admite rever tarifas para reduzir preços nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, em entrevista ao portal Politico, que poderá promover novas alterações tarifárias para reduzir o preço de determinados produtos. Segundo ele, medidas anteriores já estariam contribuindo para aliviar custos ao consumidor norte-americano. “Os preços estão todos caindo. Tudo está caindo”, declarou, apesar de os últimos dados oficiais apontarem inflação anual de 3%. Críticas duras à Europa e apoio a líderes alinhados Trump elevou o tom contra os líderes europeus, classificando-os como “fracos” e responsabilizando-os pela dificuldade em conter fluxos migratórios e em avançar para o fim da guerra na Ucrânia. Ele também sinalizou disposição para interferir politicamente no

Câmara deve votar nesta terça endurecimento de regras contra devedores de impostos, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira (8) que há “firmeza” por parte do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para votar nesta terça-feira (9) o projeto que endurece as regras contra os chamados devedores contumazes, contribuintes que deixam de pagar impostos de forma reiterada e intencional. A declaração foi dada após reunião de cerca de quatro horas na residência oficial da Presidência da Câmara. De autoria do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e defendido pela equipe econômica, o projeto já foi aprovado pelos senadores e voltou à pauta da Câmara. Em setembro, Haddad havia defendido a urgência da medida,

ouça os destaques econômicos do dia

No morning call de hoje, a economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, comenta que mercados iniciaram semana cautelosos antes da decisão do Fed, com corte de 25 pontos-base esperado e incertezas sobre 2026. Dólar oscilou com terremoto no Japão e ajustes nas bolsas de NY. No Brasil, pré-candidatura de Flávio Bolsonaro gerou volatilidade, mas sinal de desistência deu fôlego ao Ibovespa. Hoje, destaque para IPC da Fipe, 1ª prévia do IGP-M, produção industrial regional e dados de inflação da China. Ouça o Diário Econômico, o podcast do PicPay que traz tudo que você precisa saber sobre economia para começar o seu dia, com base nas principais notícias

veja como o mercado abriu a semana

O mercado físico do boi gordo inicia a semana contando com poucas novidades. Segundo o analista de Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, o ambiente de negócios sugere por alguma alta dos preços no curto prazo, em linha com o bom potencial de demanda previsto em dezembro. Segundo ele, o mercado interno está em seu melhor mês de consumo, enquanto o ritmo de embarques ainda é bastante interessante, contando com boa expectativa em torno da demanda norte-americana por carne bovina brasileira. “Vale o destaque que a posição do rebanho norte-americano é bastante deficitária neste momento, exigindo importações mais contundentes nos próximos meses”, destaca. Preços médios

Leilão do Tecon 10 será feito em duas fases, decide TCU

O julgamento sobre o modelo do leilão do Tecon Santos 10, terminal de contêineres projetado para ser o maior do Porto de Santos, foi concluído pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nesta segunda-feira (8). A Corte decidiu pela tese do ministro-revisor Bruno Dantas, que preservou a autonomia da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Assim, o certame avança no formato em duas fases, sendo que, para ampliar a concorrência, fica vetada na primeira fase a participação de companhias que já atuam no cais. Contudo, o ponto central da decisão não foi entre os modelos de leilão (bifásico ou monofásico), mas sobre o grau de

Agropecuária puxa desempenho das exportações na 1ª semana de dezembro

A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,923 bilhão na primeira semana de dezembro. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira (8), o valor foi alcançado com exportações de US$ 7,430 bilhões e importações de US$ 5,507 bilhões. No ano, de janeiro a dezembro de 2025, o superávit soma um total de US$ 59,762 bilhões, ante US$ 74,176 bilhões no mesmo período de 2024. O resultado deste ano é decorrente de US$ 325,252 bilhões em exportações e US$ 265,490 bilhões em importações. Até a primeira semana de dezembro, comparado

setor vê ‘irracionalidade’ no uso diante de enxurrada de pedidos no agro

A combinação de juros altos, choque de custos e impactos climáticos tornou parte das dívidas rurais praticamente impagável. O resultado desse cenário se traduz na enxurrada de pedidos de recuperação judicial no campo, número que aumenta ano após ano. Após baterem recorde em 2024, os pedidos ligados ao agronegócio cresceram 31,7% no segundo trimestre de 2025, conforme dados da Serasa Experian. “Tem assustado todo mundo”, avalia Renato Buranello, advogado e presidente do Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA). Segundo ele, há um desconhecimento “muito grande” do funcionamento das cadeias produtivas por parte de quem julga essas ações, o que gera insegurança jurídica. O tema

Clima adverso e relatório do USDA devem impactar preços do milho nesta semana

O cenário externo do milho demonstrava oscilação, mas a oferta mais curta no final do ano e a demanda forte de etanol e ração fizeram com que os preços do cereal no Brasil permanecessem sustentados ao longo da semana passada. Enquanto isso, o plantio do milho verão já alcançou quase 66% da área prevista, ritmo acima dos últimos anos, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em Chicago, o contrato de milho para janeiro de 2026 encerrou a US$ 4,37 por bushel, com leve alta de 0,46% na semana. Na B3, o vencimento de mesmo período subiu 1,15%, fechando a R$ 74,05 por saca. E

‘Pode ser um divisor de águas’, diz embaixadora sobre acordo entre Mercosul e União Europeia

A Delegação da União Europeia (UE) promoveu na manhã desta segunda-feira (8), em Brasília, um encontro estratégico com embaixadores para discutir os próximos passos do acordo comercial entre UE e Mercosul, que entra na fase final de negociações após 25 anos de tratativas. Durante o evento, a embaixadora da União Europeia no Brasil, Marian Schuegraf, afirmou que as próximas votações no bloco europeu serão decisivas para a assinatura do acordo ainda este mês. ‘Divisor de águas’ Schuegraf destacou que há grande interesse e expectativa em torno do avanço do acordo. Segundo ela, a etapa mais importante ocorre no Conselho da União Europeia, órgão que reúne

Trump deve anunciar pacote de US$ 12 bilhões para socorrer agricultores

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve anunciar nos próximos dias um pacote de US$ 12 bilhões destinado a apoiar agricultores impactados pela guerra comercial e pelos efeitos das políticas tarifárias adotadas pelo próprio governo. O anúncio ocorrerá durante um evento na Casa Branca, que reunirá produtores de diversos segmentos para discutir os detalhes do programa. Produtores americanos vêm enfrentando dificuldades após colheitas recordes e uma forte redução nas vendas de soja à China, tradicional principal compradora do grão norte-americano. Em meio ao impasse comercial entre Washington e Pequim, o país asiático passou a priorizar fornecedores da América do Sul, especialmente Brasil e Argentina.