A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) revisou para baixo suas projeções de exportação de soja. A expectativa agora é de que o Brasil exporte 1,24 milhão de toneladas, representando uma queda de 67% em relação ao volume exportado no mesmo período do ano passado. Segundo a plataforma Grão Direto, esse declínio pode ser atribuído à baixa demanda internacional e a um cenário de restrições logísticas que impactam o escoamento da produção.
Plantio de soja no Rio Grande do Sul
A semeadura de soja no Rio Grande do Sul avançou para 80% da área projetada, um bom indicativo da continuidade da safra. Embora o estado tenha se beneficiado de chuvas recentes, que contribuíram para o desenvolvimento das lavouras, a irregularidade da umidade em novembro trouxe desafios para os produtores, afetando o início da temporada. A expectativa é que as condições climáticas melhorem nos próximos meses, favorecendo o cultivo.
Dólar em alta
A recente valorização do dólar, que ultrapassou a marca de R$6,00, tem criado oportunidades de comercialização vantajosas para o produtor, ao mesmo tempo em que encarece os custos de produção, especialmente com a alta dos insumos importados. Esse cenário de câmbio impacta diretamente os preços internos da soja, favorecendo as negociações.
Nos mercados futuros, a soja na Bolsa de Chicago teve leve valorização. O contrato com vencimento em janeiro de 2025 subiu 0,40%, encerrando a semana cotado a US$9,95 por bushel. O contrato para março de 2025 foi cotado a US$10,00 por bushel (+0,30%). No Brasil, o impacto da alta do dólar também refletiu um mercado interno mais aquecido, com preços mais atrativos para os produtores.
O que esperar do mercado?
As chuvas de novembro trouxeram alívio para as lavouras argentinas, mas as previsões meteorológicas apontam para um possível retorno do fenômeno La Niña, que costuma causar períodos de seca na região. A expectativa é de que o fenômeno se intensifique entre dezembro e fevereiro, podendo comprometer a produção de soja e gerar volatilidade nos preços nos próximos meses. A Bolsa de Chicago ainda não precificou completamente esse risco climático, o que mantém a incerteza no mercado.
Além disso, as projeções para a safra de soja 2024/25 no Brasil apresentam divergências entre a Conab e o USDA. A Conab estima uma produção de 166,14 milhões de toneladas, um aumento de 12,5% em relação ao ano anterior, enquanto o USDA projeta 169 milhões de toneladas. Apesar da diferença, ambas as estimativas apontam para uma safra recorde no Brasil, consolidando sua posição de destaque no mercado global de soja.
Por fim, o USDA divulgará nesta terça-feira (10) seu relatório de oferta e demanda, com ajustes modestos nas estimativas para os estoques de soja. A expectativa é de que a produção global continue em torno de 425,4 milhões de toneladas, com possíveis alterações dependendo da evolução do fenômeno La Niña nos próximos meses.
Análise gráfica
O cenário futuro aponta para uma semana positiva para os contratos de soja em Chicago, impulsionada pela alta do dólar no Brasil. No entanto, os prêmios para a soja disponível devem continuar em baixa, com pressão maior sobre a safra futura. A volatilidade nos preços tende a aumentar nos próximos meses, devido às condições climáticas na Argentina e às oscilações nos mercados financeiros internacionais.