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Críticas de Trump ao banco central dos EUA acendem alerta na economia, diz especialista

Críticas de Trump ao banco central dos EUA acendem alerta na economia, diz especialista


A autonomia dos bancos centrais voltou ao centro dos debates após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificar as críticas ao Federal Reserve, que é o banco central norte-americano. No Brasil, o presidente Lula também já fez cobranças públicas ao então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O tom do governo Trump contra o presidente do Fed, Jerome Powell, foi elevado nos últimos dias com a cobrança de cortes mais rápidos nos juros e chegando a sugerir, ainda que sem planos concretos, a possibilidade de sua demissão. As declarações causaram instabilidade: bolsas recuaram e o ouro se valorizou – uma resposta clássica à percepção de risco no cenário econômico.

Mas como este tipo de interferência política pode afetar diretamente a economia e a confiança do mercado?

Pressão que gera ruídos

Segundo o economista Caio Augusto Rodrigues, do Terraço Econômico, o cenário evidencia como “a confiança do mercado é sensível a qualquer sinal de ingerência política”. O economista explica que, nos Estados Unidos, mesmo com a autonomia legal do Federal Reserve, “a pressão política gera ruído e pode afetar expectativas econômicas”.

No caso das críticas de Lula ao ex-presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, o especialista aponta que o discurso dos dois presidentes, apesar das diferenças políticas, tem pontos em comum. Durante o mandato de Neto, Lula chegou a atribuir ao patamar elevado dos juros parte da dificuldade de acelerar o crescimento econômico.

“Nesse aspecto, Lula e Trump parecem até combinar o discurso. Ambos usam o Banco Central como alvo quando a economia não responde como gostariam”, afirma.

De acordo com o economista, é natural haver algum nível de atrito entre o governo e o banco central, já que as instituições têm objetivos diferentes. “O Banco Central olha para a estabilidade da moeda no longo prazo, enquanto o governo está preocupado com os resultados imediatos que podem influenciar a reeleição ou a aprovação popular”, explica. 

O problema, segundo ele, é quando essa tensão se intensifica sob líderes com perfil mais “estridente” e que tentam “canetar a lógica”.

O que limita a interferência?

Rodrigues lembra que tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, os bancos centrais têm, por lei, certa independência. Os presidentes indicam os dirigentes das instituições, mas não podem demiti-los a qualquer momento. 

Ele ressalta que a preocupação não é sobre quem está à frente da instituição, e sim sobre sua capacidade de cumprir a função sem interferência. 

“Galípolo [atual presidente do Banco Central] foi tido como ‘pau mandado’ de Lula, mas até agora o Banco Central não tomou nenhuma decisão que confirme essa ideia. Pode ser que ocorra no futuro, mas não aconteceu até o momento”, afirma.

Exemplo na América Latina

Como contraponto, o economista cita o caso do Peru, que enfrentou forte instabilidade política com seis presidentes em seis anos. “Mesmo assim, a política monetária seguiu estável por lá. Isso só foi possível porque o Banco Central manteve sua autonomia, mesmo em meio ao caos institucional.” 

Para ele, o exemplo mostra que, com uma estrutura bem definida, é possível proteger a política econômica dos ruídos da política partidária.



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