USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ -- USD: R$ -- EUR: R$ -- BTC: R$ --
Navegando:
Diesel ‘fora de campo’ em São Paulo?; Embrapa Soja comenta sobre a transição para combustíveis renováveis

Diesel ‘fora de campo’ em São Paulo?; Embrapa Soja comenta sobre a transição para combustíveis renováveis


O estado de São Paulo busca dar um novo passo rumo à sustentabilidade, com o intuito de se tornar o primeiro do Brasil a substituir completamente o uso de diesel por combustíveis renováveis, com foco no agronegócio. O anúncio foi feito pelo governador Tarcísio de Freitas, que destacou que o etanol, o biometano e o hidrogênio verde serão as principais fontes dessa transição energética.

  • Fique por dentro das novidades e notícias recentes sobre a soja! Participe da nossa comunidade através do link!

A proposta de descarbonizar a agropecuária paulista é ambiciosa e essencial diante dos desafios climáticos e da necessidade urgente de tornar a produção agrícola mais sustentável. Para discutir os impactos dessa mudança, o Soja Brasil conversou com Roberta Carnevalli, pesquisadora da Embrapa Soja.

Ela explicou que o uso de biocombustíveis em tratores, colheitadeiras e no transporte agrícola já é uma realidade no Brasil. Desde 2008, existe uma mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil, que começou com 2% e hoje está em 13%, com previsão de aumento nos próximos anos. ”O uso de biodiesel puro ainda é limitado por questões técnicas em máquinas mais antigas, mas o setor tem evoluído rapidamente”, observa Carnevalli. Segundo ela, os modelos mais modernos já operam com 100% de biodiesel (B100), embora a adaptação continue sendo um desafio para os equipamentos mais antigos.

Emissões de diesel e seus impactos

O ponto central da transição energética, segundo a pesquisadora, está no conceito de emissões circulares. Diferentemente do diesel fóssil, que libera carbono armazenado por milhões de anos no subsolo, os biocombustíveis provêm de plantas que absorvem CO₂ durante o crescimento. Quando queimadas, essas plantas liberam o mesmo gás, mantendo o equilíbrio do ciclo do carbono. ”Com os biocombustíveis, nós fechamos o ciclo do carbono. É diferente de queimar combustível fóssil, que só adiciona mais CO₂ à atmosfera”, afirma.

Além de reduzir a pegada de carbono, os biocombustíveis representam uma alternativa viável para manter a produtividade no campo. No entanto, o custo ainda é uma barreira. Apesar de ter caído nos últimos anos, o biodiesel continua mais caro do que o diesel fóssil. ”Não se trata apenas de economia, mas de sobrevivência no planeta”, alerta Carnevalli. Ela destaca que as mudanças climáticas já impactam a produção global de alimentos, com perdas que podem chegar a 20% ao ano.

O que isso muda para a economia?

Do ponto de vista econômico, a substituição do diesel por fontes renováveis pode gerar benefícios, especialmente com políticas públicas que incentivem essa transformação. São Paulo conta com uma cadeia produtiva consolidada de etanol a partir da cana-de-açúcar e possui potencial para expandir a produção de soja em áreas de pecuária extensiva atualmente subutilizadas. A adoção de práticas agrícolas sustentáveis e o uso eficiente da terra podem reduzir custos e aumentar a competitividade dos produtos paulistas.

Caso a produção local de soja não seja suficiente para atender à demanda energética, existe a possibilidade de integração com estados vizinhos como Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, que são grandes produtores do grão.

Pilar ambiental na substituição do diesel

No aspecto ambiental, a substituição do diesel por biocombustíveis oferece benefícios relevantes. A recomendação é que a expansão ocorra apenas sobre áreas já abertas, sem afetar florestas nativas, e que os cultivos sigam boas práticas agrícolas. Entre elas estão o plantio direto, a rotação de culturas com gramíneas, o uso de plantas de cobertura e técnicas de manejo sustentável que contribuem para a redução das emissões de gases do efeito estufa.

Um dos pontos que geram debate é a destinação de parte da produção de soja para fins energéticos, o que levanta questionamentos sobre o equilíbrio entre segurança alimentar e demanda energética. Para Carnevalli, essa preocupação pode ser superada com planejamento adequado e uso racional da terra. “Não há conflito entre alimento e energia se fizermos uso inteligente da terra”, defende.

Além disso, o processamento da soja para extração de óleo, utilizado na produção de biodiesel, gera como subproduto o farelo, amplamente usado na alimentação animal. Esse fator pode inclusive contribuir para a redução dos custos na cadeia da carne.

Programa Soja Baixo Carbono (SBC)

A Embrapa Soja faz parte do Programa Soja Baixo Carbono, em parceria com sete empresas apoiadoras, incluindo a UPL, com o objetivo de desenvolver um protocolo de certificação para a soja produzida em sistemas que adotem práticas agrícolas com baixa emissão de gases de efeito estufa e estimulem o sequestro de carbono. A certificação estará disponível no mercado a partir de 2026, fornecendo relatórios sobre as emissões contabilizadas para o sistema de produção da fazenda. Esse inventário será utilizado na contabilidade das emissões dos produtos ao longo da cadeia de processamento. Entre as diretrizes para a obtenção do selo, estão a adoção de boas práticas, como o sistema de plantio direto, coinoculação da soja, manejo da adubação e correção do solo, que são requisitos obrigatórios.

Além disso, práticas complementares, como o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, zoneamento de riscos climáticos e a integração lavoura-pecuária-florestas, também devem ser adotadas pelo candidato ao selo. Dessa forma, é estratégico que um programa de desenvolvimento da cadeia de produção de biocombustíveis à base de soja seja originado em fazendas que já contabilizam suas emissões e adotam práticas de baixa emissão de gases de efeito estufa. Isso garante a redução das emissões associadas ao uso de combustíveis fósseis e assegura que a soja venha de fazendas que produzem de maneira sustentável, com as emissões relativas à mudança de uso da terra devidamente compensadas.



Source link

Assine nossa Newsletter

Sinta-se no campo com as notícias mais atualizadas sobre o universo do agronegócio.

Sem spam, você pode cancelar a qualquer momento.


Notícias Relacionadas

Fim dos boletos? Bancos passam a oferecer Pix automático; saiba mais

Com a promessa de substituir o débito automático e os boletos, o Pix automático entra em vigor nesta segunda-feira (16). Extensão do Pix, a ferramenta permite ao usuário autorizar pagamentos periódicos a empresas e prestadores de serviços, como microempreendedores individuais (MEI). O cliente autoriza uma única vez, com os débitos ocorrendo automaticamente na conta do pagador. Desde o fim de maio, o Pix automático está disponível para todos os clientes do Banco do Brasil. A maior parte das instituições financeiras, no entanto, só começa a oferecer o serviço nesta segunda. A ferramenta pretende beneficiar tanto empresas quanto consumidores. De acordo com o Banco Central (BC), o débito automático beneficiará até

expectativa sobre juros no Brasil e EUA são destaques na semana

No morning call de hoje, a economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, analisa a tensão dos mercados diante da Super Quarta, com decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil. A inflação norte-americana mais fraca aumentou as apostas de corte pelo Fed. Por aqui, IPCA em desaceleração e dados fracos de comércio e serviços reforçam o tom cauteloso do Copom. Ouça o Diário Econômico, o podcast do PicPay que traz tudo que você precisa saber sobre economia para começar o seu dia, com base nas principais notícias que impactam o mercado financeiro. Para mais conteúdos de mercado financeiro, acesse: Bom Dia Mercado! Foto: divulgação Source link

Recordes nos embarques de carne e nos abates de fêmeas ditarão os preços do boi gordo

O mercado físico do boi gordo apresentou cotações de estáveis a mais altas no Brasil durante a semana. O analista de Safras & Mercado Fernando Iglesias ressaltou que a boa demanda voltada à exportação e a oferta limitada de animais jovens, especialmente para atender ao mercado chinês, contribuíram para sustentar as cotações. Segundo ele, as escalas de abate seguem posicionadas entre cinco e sete dias úteis na média nacional e, em algumas praças, a arroba foi negociada acima da referência média. O analista comenta que as exportações de carne bovina seguem como a grande variável, com o país caminhando a passos largos para atingir volumes

veja como as mudanças climáticas afetarão a economia

Diante da proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro no Brasil, vale lembrar o quanto eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes afetam fauna e flora, além de todos os segmentos da economia. Veja alguns exemplos: Setor Impactos diretos e Indiretos Agricultura e pecuária Redução de produtividade por secas, enchentes e pragas; insegurança alimentar Energia Queda na geração hidrelétrica; aumento de custos com termelétricas e racionamento Infraestrutura e construção Danos causados por chuvas extremas e deslizamentos; aumento nos custos de obras e manutenção Transporte e logística Estradas e portos danificados; atrasos e aumento de custos logísticos Turismo Desvalorização

Sistema silvipastoril permite lotação de rebanho 256% maior que a média nacional

Estudo realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, São Paulo, investigou a capacidade de um sistema silvipastoril (SSP) de neutralizar as emissões de metano entérico de bovinos de corte pela fixação de carbono pelas árvores e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade do rebanho.  Os resultados, publicados na revista internacional Agricultural Systems, revelam que o sistema compensou a emissão de metano de mais de dois bovinos adultos. A pesquisa considerou apenas o carbono armazenado na parte do tronco das árvores destinada a produtos de maior valor agregado e mobiliário. A média nacional é de apenas um animal adulto por hectare no Brasil. Porém, a

USDA repete números enquanto Conab projeta safra recorde

A semana foi marcada por importantes atualizações nas estimativas de oferta e demanda de soja no cenário internacional e brasileiro. O novo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) trouxeram ajustes técnicos, mas sem impacto sobre os preços no mercado. Fique por dentro das novidades e notícias recentes sobre a soja! Participe da nossa comunidade através do link! O USDA manteve praticamente inalteradas as projeções para a safra norte-americana 2025/26, estimando a produção em 4,340 bilhões de bushels, ou 118,11 milhões de toneladas, com produtividade média de 52,5 bushels por acre. O número veio abaixo

Queijo cremoso sem leite? Embrapa cria alternativa

A Embrapa Agroindústria Tropical desenvolveu um produto semelhante a queijo cremoso simbiótico feito a partir de amêndoas de caju quebradas. O novo produto visa oferecer uma alternativa, nutritiva e funcional, aos queijos tradicionais, aproveitando o valor nutricional da castanha-de-caju, um produto de destaque na região Nordeste do Brasil. Simbiótico é a combinação de prebiótico e probiótico, sendo frequentemente considerado mais eficaz porque fornece tanto bactérias benéficas quanto o alimento que elas precisam para crescer. A castanha-de-caju teve uma produção global de 1,09 milhão de toneladas em 2022/2023 e é reconhecida por sua riqueza em nutrientes. Amêndoas quebradas O processo de fabricação do queijo cremoso utiliza

Novo mapa de aptidão agrícola mostra onde há maior potencial para agricultura no Brasil

O mapa de aptidão agrícola das terras do Brasil ganhou uma versão atualizada que já está disponível. Apresentado na escala um para 500 mil (1:500.000), ele indica em nível regional o potencial das terras para uso com lavouras, dividido em três níveis de manejo. Também ilustra o potencial para usos menos intensivos, com pastagem plantada, silvicultura ou pastagem natural.  Os estudos que resultaram na classificação da aptidão agrícola em todas as regiões brasileiras foram desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa Solos (RJ) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com aporte financeiro do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O mapa de aptidão agrícola está disponível

Brasil amplia exportação em 82% e reduz importações em maio

O Brasil exportou 92,2 mil toneladas de arroz beneficiado (base casca) no mês de maio, gerando uma receita de US$ 25,7 milhões. Os dados constam no relatório mensal divulgado pela Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), com base nas estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O volume embarcado pela indústria nacional representa um crescimento de 82% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita obtida com as vendas externas também teve alta, de 20% na comparação anual. Segundo a Abiarroz, os principais destinos do arroz brasileiro, em termos de volume, foram países do continente africano: Gâmbia, Serra Leoa

Comer pão para ficar musculoso? Farinha de girassol é o segredo, aponta pesquisa

Quem faz musculação aumenta a ingestão de proteínas, afinal, a substância é essencial para a construção de músculos. Ao mesmo tempo, evitam carboidrato simples pela associação ao ganho de gordura. No entanto, um ingrediente quase descartado como lixo pela indústria pode te fazer ficar mais forte sem precisar abrir mão do tão amado pãozinho: a farinha de sementes de girassol. Estudo conduzido por cientistas da FCA-Unicamp e da Unifesp, ambas em São Paulo, demonstra que o produto parcialmente desengordurado constitui opção promissora para enriquecer pães com proteínas, fibras e compostos antioxidantes. Com isso, o subproduto da extração industrial de óleo de girassol pode ser utilizado